Para quem já conhece o tarô, as cartas da Sacerdotisa (ou Papisa) e da Imperatriz geralmente vem acompanhadas de uma bagagem de cartas que representam o feminino, seja o sagrado feminino, seja lado feminino da semelhança com a Lua, seja o símbolo da mulher como um todo (mulher gênero feminino); Porém por serem cartas diferentes, não podemos achar que representam a mesma coisa, realmente elas representam arquétipos femininos, porém dentro de uma representação feminina temos dois extremos que precisam ser observados para uma total compreensão dessas duas representações.
Um ponto importante é que quando digo “arquétipo feminino”, não estou querendo dizer que apenas o lado da mente feminina (mulher) que pode ser analisada, e sim que, todos, seja uma mulher ou um homem temos esse arquétipo feminino:
Talvez mais sábio fosse, desde o início do estudo, dizer que estamos falando da feminilidade onde quer que ela se encontre: seja no homem, seja na mulher. Jung, em um de seus mais profundos insights, mostrou que, como geneticamente todos os homens têm cromossomos e hormônios recessivos femininos, eles apresentam um conjunto de características psicológicas femininas, elementos que neles são minoritários. Da mesma forma, as mulheres têm um componente masculino minoritário em seu interior. Jung chamou de anima a faceta feminina do homem e de animus, a masculina da mulher… Estamos falando não somente da mulher, mas também da anima do homem, ou seja, sua face feminina. Pode ser mais óbvio associá-la à mulher, já que a feminilidade é sua principal característica psicológica, mas existe também um paralelo com o aspecto interior feminino existente no homem, a anima.
Para entendermos qual a diferença entre essas duas facetas femininas, analisaremos uma história da mitologia grega, que nos apresenta exatamente diferenças ou rivalidades entre a mulher Sacerdotisa e a mulher Imperatriz:
O Mito de Afrodite e Psiquê:
Imaginem um reino com um rei, uma rainha e suas três filhas. As duas primeiras são princesas comuns, sem qualquer expressão. A filha mais nova chamada Psiquê, é uma pessoa extraordinária: bonita, charmosa, porte de deusa; sua forma de falar e o todo de sua personalidade merecem o culto de adoração que se formou ao seu redor. O que levava as pessoas a assim se referirem a ela: “Eis ai a nova Afrodite, eia a nova deusa que tomará o lugar da antiga no templo, e a suplantará”. E Afrodite teve de suportar o insulto de ver as cinzas do fogo sagrado de seu templo esfriarem e, ainda, assistir a um arremedo de mulher tomar o seu lugar!
Afinal, Afrodite havia sido a divindade reinante da feminilidade desde os primórdios, sem que ninguém jamais pudesse definir a época exata do início de seu reinado. Portanto, presenciar a escalada de uma nova deusa da fertilidade era-lhe totalmente insuportável! Raiva e ciúmes apocalípticos marcaram, nesse momento, um novo rumo em nossa história: mexer com a fúria de divindades, ou exigir delas uma mudança, é convulsionar as fundações de nosso mundo interior.
As origens das duas deusas, Afrodite e Psiquê, são bem interessantes. Brandindo uma pequena foice, Cronos, o filho caçula de Urano — o deus dos céus -, cortou os genitais de seu pai e arremessou-os ao mar, assim fertilizando ás águas e permitindo o nascimento de Afrodite, emergindo das ondas.
Ai está a origem divina do principio feminino em sua forma arquetípica, um grande contraste com o nascimento de Psiquê, concebida — diz-se — quando uma gota de orvalho do céu caiu sobre a terra.
A diferença entre esses dois nascimentos, se entendida de forma justa, revela a diversidade de natureza desses dois princípios femininos. Afrodite é a que nasceu do mar: primeva, oceânica, trazendo toda a beleza e perigo do mar, as muitas águas do seu poder feminino. Ela é desde o inicio do tempo, faz parte de um estado de evolução pré-consciente; sente-se à vontade no fundo do mar e lá mesmo mantém sua corte. Em termos psicológicos ela reina no inconsciente, simbolizado pelas águas do mar. Por isso raramente é acessível em termo conscientes, comuns; é como se nos confrontássemos com um vagalhão.
Também é difícil atingir a natureza de Afrodite, enquanto feminilidade primitiva, ou como ela conviver. Pode-se admirá-la, adorá-la, ou ser esmagado por sua feminilidade arquetípica, pois é muito difícil relacionar-se com ela. E está será a tarefa de Psiquê, dada a vantagem que leva por ser humana: integrar e suavizar essa feminilidade oceânica arquetípica. Eis aí o propósito de nosso mito.
Toda mulher tem dentro de si uma Afrodite, reconhecida pela sua irresistível feminilidade, pela intensa, impessoal, inatingível majestade. Suas principais características são a vaidade, a luxúria, a fertilidade e a tirania, quando contrariada. Mas as histórias a respeito de Afrodite e sua corte são maravilhosas. Uma aia sempre carrega um espelho diante da deusa, para que ela possa estar constantemente mirando-se nele, e alguém está a borrifar-lhe perfume a toda hora. Ciumenta, não tolera nenhum tipo de competição, e continuamente está arranjando casamentos para quem quer que seja. Não se satisfaz nunca a não ser que todos estejam muitos ocupados, servindo sua fertilidade.
Afrodite é o principio que está constantemente espelhando para o nosso inconsciente cada experiência vivida. Enquanto o homem se ocupa em expandir, encontrar e explorar tudo aquilo que é novo, Afrodite está refletindo, espelhando e assimilando. Esse espelho simboliza uma das qualidades mais marcantes da deusa do amor: sempre colocando um espelho à disposição do self, que, sem o auxílio desse espelho, poderia ficar preso na projeção. Ao buscar a resposta, porém, para aquilo que está sendo espelhado, poderá ter inicio o processo que leva ao entendimento, não permitindo que se fique aprisionado num emaranhado emocional sem solução. O que não quer dizer que não haja influência de fatores externos. Mas é importante perceber e entender que muitas coisas de nossa natureza inferior, mascaradas como sendo fatos externos, deveriam refletir esses fatos de volta ao mundo subjetivo, de onde se originaram.
Afrodite oferece esse espelho com mais frequência do que gostaríamos de admitir. A cada vez que alguém se apaixona e vê as características do deus ou da deusa na pessoa amada, é Afrodite refletindo em seu espelho nossa imortalidade ou qualidades divinas. Relutamos em ver nossas virtudes, tanto quanto nossos erros, e um longo período de sofrimento geralmente interpõe-se entre o ver no espelho e a realização do que quer que seja.
A rivalidade entre Afrodite e Psiquê já era grande, e ainda um novo ingrediente na disputa, elas se tornariam sogra e nora. Esse drama entre sogra e nora é levado em todas as culturas, e representa uma das irritações psíquicas que mais contribuem para o crescimento de uma jovem. Conseguir lidar com o universo de sua sogra significa para ela atingir a maturidade, Deixar de ser aquela gota de orvalho, chegada de forma tão ingênua a este mundo e ao casamento.
Muitos dos conflitos de uma mulher moderna resumem-se na colisão entre suas naturezas intrínsecas — Afrodite e Psiquê. Isso ajuda-a a adquirir uma estrutura para entender o processo; se ela for capaz de vislumbrar o que lhe está ocorrendo, estará a caminho de uma nova consciência. Reconhecer Afrodite pode ser-lhe de grande valia. Quando o homem reconhece Afrodite na mulher e sabe o que deve ou não fazer, ele estará numa posição privilegiada.
Agora que já conhecemos algo sobre a natureza de Afrodite — o mais antigo e primitivo nível de feminilidade -, passaremos a observar a nova expressão do feminino. Diferente de Afrodite, que surgiu do mar, Psiquê nasceu de uma gota de orvalho que, vinda do céu, caiu sobre a terra. Essa mudança do oceano de Afrodite para a terra de Psiquê é a progressão da primeva feminilidade oceânica para uma nova forma, mais humana. Em vez de turbilhões oceânicos, temos as controláveis águas de uma gota de orvalho.
Psiquê é a preocupação de seus pais, porque, enquanto as irmãs mais velhas estão casadas com reis de reinos vizinhos e vivem felizes, ninguém aparece para pedir-lhe a mão. Os homens só fazem adorá-la. O rei então vai consultar um oráculo, que por “acaso” é dominado por Afrodite. Cheia de raiva e inveja de Psiquê, Afrodite faz com que a resposta seja uma terrível profecia! A jovem terá de desposar a Morte, a mais horrenda e repulsiva das criaturas. A pobre moça é então levada ao alto de uma montanha, acorrentada a uma pedra e lá deixada para ser violada por essa criatura repugnante, a Morte.
Os oráculos, nas sociedades da Grécia antiga, eram inexoráveis, tidos como verdade absoluta. Portanto, os pais de Psiquê não questionaram a profecia e promoveram um cortejo nupcial à maneira de funeral. Seguindo meticulosamente as instruções, acorrentaram a filha à rocha no alto da montanha, onde se mesclaram rios de lágrimas, atavios de casamento e tristeza de morte. O rei e a rainha apagam as tochas e Psiquê é abandonada à sua sorte na escuridão.
Que podemos extrair disso? Psiquê está prestes a casar-se. O marido virá, sem dúvida, mas é uma ocasião trágica, por que o esposo é a própria Morte. Na verdade, a donzela realmente morre no dia de suas bodas: uma etapa de sua vida se extingue e ela morre para muitos aspectos femininos que vivera até então. Em certo sentido, o casamento representa um funeral para ela.
Muitas de nossas tradições matrimoniais são, na verdade, cerimônias funerárias, herdadas das culturas primitivas. Assim, o noivo, seu padrinho e alguns amigos raptavam a noiva, e as damas de honra encarregavam-se de salvaguardar sua virgindade. A “batalha”, ritualisticamente é levada a cabo, com a noiva chorando pela morte de uma etapa da sua vida, ou seja, a donzela está morrendo. As portas de uma nova vida abrem-se para ela, e as festividades são para celebrar um novo poder que ela conquistará como noiva e matriarca.
Na verdade, não reconhecemos suficientemente o aspecto da dualidade no casamento, somente tentamos fazê-lo cor-de-rosa, alegre e feliz. Mas em algum momento deveríamos levar em consideração a parte que morre, deveríamos honrá-la, pois do contrário as emoções vão aflorar mais cedo ou mais tarde, de uma forma inadequada. Algumas mulheres, por exemplo, poderão manifestar uma violenta repulsa com relação ao seu casamento, depois de passados alguns meses ou anos.
Afrodite não gosta que donzelas morram pelas mãos dos homens, pois não é de sua natureza ser submetida por um homem. Por essa razão, a Afrodite, em uma mulher que se casa, chora ao deixar de ser donzela. Ela representa seu papel paradoxal: quer o matrimônio, mas ao mesmo tempo ressente-se da perda da virgindade.
Outra vez, observamos o paradoxo da evolução: é a própria Afrodite quem condena Psiquê à morte, mas também é ela a casamenteira que provoca o matrimônio ao qual ela própria se opõe. É ela também a que chora e range os dentes durantes a cerimônia, pelas futuras perdas da liberdade, individualidade e virgindade da noiva.
O “empurrão” para a evolução, que o casamento traz, é acompanhado por um “puxão” regressivo, causado pela nostalgia da independência e da liberdade que a noiva gozava antes dele.
Para destruir Psiquê, como gostaria de fazê-lo, Afrodite pede ajuda a seu filho, Eros, Amor e Cupido são os vários nomes dados ao deus do amor. Já que Cupido foi reduzido às ilustrações de cartões do Dia dos Namorados e Amor foi despojado de sua dignidade, vamos usar o nome de Eros para esse nobre deus.
Eros leva a tiracolo a aljava com suas flechas e põe a perder todos do Olimpo; nem os deuses escapam de seu poder, até mesmo Zeus, pois essas flechas podem levar a confusão às mais altas hierarquias. Não obstante, é dominado pela mãe, que lhe ordena inflamar de amor o coração de Psiquê pelo monstro hediondo que viria reclamá-la, para assim acabar de vez com o desafio que a jovem representava para ela. Uma das características de Afrodite é ser constantemente regressiva, é querer as coisas exatamente como estavam antes. Ela quer que a evolução caminhe para trás; é a própria voz da tradição e, ironicamente, é exatamente esta tendência que impulsiona nossa história para sua real evolução.
Podemos analisar Eros sob vários pontos de vista: como o homem exterior, o marido ou o homem em qualquer relacionamento, como o homem interior, ou seja, o animus da mulher, a sua masculinidade interior. Eros não é apenas a sensualidade, bastando lembrar que suas flechas têm por alvo o coração, não os genitais.
Eros obedece às ordens da mãe, mas ao bater os olhos em Psiquê, acidentalmente espeta o dedo em uma de suas flechas. No mesmo instante apaixona-se perdidamente por ela e decide torná-la sua esposa. Pede ao vento Oeste, seu amigo, que a carregue, suavemente, montanha abaixo, até o Vale do Paraíso. E Psiquê, que esperava a Morte e agora se vê, ao invés, no paraíso da Terra, não faz qualquer pergunta a Eros, inebriada que está com sua inesperada boa sorte. Ao ver-se pousando numa sala de alabastro com música e server, é claro que ela não faz perguntas, pois já fora suficiente haver sido salva da morte. Não quer nem precisa de nenhuma explicação por ora.
Apesar de belo, Eros vem a ser a morte para Psiquê. Todo marido é a morte para a sua esposa, porque representa a destruição da donzela que ela ainda é e a impele na direção da maturidade, como mulher. É paradoxal, mas podemos sentir ao mesmo tempo gratidão e ressentimento em relação a quem nos força a partilhar nosso próprio caminho de crescimento.
O oráculo tinha razão, pois o homem é a morte para a mulher, no sentido arquetípico. Ao perceber um olhar angustiado no rosto de sua mulher, é hora de o marido ser suave e cauteloso. talvez ela esteja acordando para o fato de estar morrendo um pouco como donzela. Raramente o homem entende que o casamento é a morte e ressurreição para a mulher. É que o homem não tem o mesmo parâmetro em sua vida, pois falta-lhe no casamento a característica sacrificial que este tem para a mulher. Um dia, esposa poderá olhar seu marido com pavor, ao dar-se conta de que está subjugada ao casamento, enquanto ele, não. E muito mais subjugada se houver filhos; poderá ressentir-se, mas deixar de passar por esse sentimento talvez seja algo pior que a morte.
Outro aspecto que devemos observar, é como Eros em nome do amor que sentia por Psiquê, resolveu desobedecer sua mãe, e agora passada boa parte do tempo com a sua amada. Mesmo assim, por ser imatura, provavelmente Psiquê não sabe bem como cuidar ou lidar com seu marido, pelo menos não tão bem como sua sogra, Afrodite. O tempo com certeza tornará Psiquê sábia e totalmente capaz de controlar e atender a Eros, mas vemos aqui duas características distintas do arquétipo feminino, a mulher nova que pode ter o auge do seu vigor físico porém imatura e presa ao desejo e necessidades carnais, e a mulher experiente que apesar de não ter mais a mesma influência sobre os homens no sentido carnal, mas é madura, sábia, e até mesmo astuta, podendo usar seus conhecimentos para manipular homens e mulheres.
Não atoa, o símbolo de mulher espiritual e mulher pura parecem que se confundem entre esses dois extremos. Nas artes e no Tarô (a ferramenta que estamos usando como objeto de estudo), a mulher virgem e pura é retratada como a Imperatriz, que seria análoga a Psiquê, mas se quisermos uma mulher espiritual com a maturidade que tal título pressupõe, olharemos para a Sacerdotisa, que em baralhos mais clássicos, é uma mulher mais velha e totalmente focada no dever espiritual (assim como Afrodite).
Eis aqui o por que de a Sacerdotisa, reprovar a existência ou o comportamento da Imperatriz, afinal, enquanto a Sacerdotisa, cuida dos deveremos do espirito e espera que os homens a procurem para rituais e tradições no templo sagrado, a Imperatriz é a mulher carnal, atraente e pronta para gerar filhos, e atrairá Eros, para que se apaixonem por ela, e esqueçam ou desobedeçam a mãe sagrada.
Mesmo com esse conflito, ambas são essenciais para a evolução do arquétipo feminino, a Sacerdotisa em aprender que a esfera espiritual apesar de fundamental, não é o todo completo e que os homens buscaram a satisfação da carne, do amor, e do desejo, e da mesma forma a Imperatriz, que precisa amadurecer e aprender que apenas o mundano e o carnal não durarão para sempre, e que provavelmente, a Imperatriz ao amadurecer e evoluir se tornara uma Afrodite, perseguindo mas mais novas que vierem depois dela.
O símbolo da sacerdotisa nos evoca sempre uma mulher ranzinza ou com notáveis efeitos do tempo em sua pele. Algo que comprova isso, é se compararmos o Arcano do Mago a um bruxo, e a sacerdotisa a uma bruxa, uma pesquisa no Google revela como nosso inconsciente coletivo trabalha esses dois símbolos: O bruxo como alguém poderoso, sóbrio e misterioso, e a bruxa com um ser feio, maldoso e geralmente com uma imagem de loucura ou psicopatia. Não raro, nos contos de fadas, as bruxas perseguem as jovens donzelas, por serem mais belas, ou por terem uma oportunidade de destaque maiores do que as matriarcas: Branca de Neve, Cinderela, e Bela Adormecida são exemplos disso.
Pesquisa no Google sobre o termo “bruxos”
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Pesquisa no Google sobre o termo “bruxas”
Talvez por isso, dentro de todos nossos, esses dois arquétipos femininos combatem para prevalecerem, se iremos adorar nossos desejos de amor e desejo, ou se seremos pessoas espirituais devotos da deusa primitiva.
A carta da Sacerdotisa (Papisa) do Tarô de Marselha, mostra uma mulher madura que tem o cargo máximo dentro do templo onde está está. O foco da atuação dela, e como todos objetivos estão em volta da causa espiritual;
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A carta da Imperatriz do Tarô de Rider Waite, onde mostra uma mulher jovem, provavelmente grávida. Ela está em um campo aberto e florido, representando a terra fértil, uma representação do próprio corpo dela.
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No tarô Alquímico de Robert Place, a questão da fertilidade fica ainda mais evidente pelo fato dela estar nua e totalmente ligada a natureza, “a mulher que gera filhos”. O fato dela segurar quase abraçada a árvore, não é atoa, uma velha máxima da alquimia conta que as mulheres são como árvores que só servem para dar frutos, e com o tempo amadurecem para serem seres completos e sábios: humano.
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O processo de transformação da Virgem, “Le Songe de Poliphile (1600)”
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No Tarô do paganismo contemporâneo, não atoa temos na ilustração três gerações de mulheres onde cada uma olha para a mais nova e a enxerga como como inexperiente, porém todas sabem que o tempo sempre fará as posições mudarem. Ao fundo temos uma estátua de Afrodite.
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No Tarô Wild Wood, ambas as representações femininas mostram mulheres que aparentemente tem a mesma idade, porém a carta número 2 da Sacerdotisa (The Seer), parece ser uma mulher mágica que invoca um poder misterioso, oculto ou sobrenatural. Já a carta número 3 da Imperatriz, (The Green Woman) mostra uma mulher também com acesso a poderes mágicos, mas dessa vez sabemos que esse “Poder” vem da natureza, e reparem como o ventre dela está em evidência como se quisesse indicar o “poder de gerar filhos”.
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No tarô das 78 portas vemos novamente essa separação, onde a Sacerdotisa é retratada com poderes sobrenaturais de visão do futuro e cartomancia, e a Imperatriz como uma mãe ou pelo menos uma mulher receptiva a filhos e crianças.
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E por último no Tarô das Deusas, nossa sacerdotisa é representada pela Deusa Sarasvati a deusa da Sabedoria, enquanto a Imperatriz é representada pela Deusa Estsanatlehhi da Fertilidade.
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Uma confusão que não podemos fazer, é achar que Psique ou a Imperatriz são as “mocinhas”, e que Afrodite ou Sacerdotisa são essencialmente cruéis e malvadas. Ambos os arquétipos tem seus lados de luz e sombra, por exemplo, se analisarmos a história Hindu de Shiva e Parvati, nos mostra como a Imperatriz pode se transformar em um ser cruel:
A Imperatriz quando tratada como a “a mãe terrena”, devemos ter a atenção do lado “obscuro” que tal representação trás nas sombras. Já que as vezes a cria, ou o “esposo” é um tesouro dela e só dela. Por vezes, pintam-na como dragão, que guarda o tesouro indispensável, a “pérola de grande preço”. Nessa qualidade, representa o aspecto devorador.
A deusa hindu Kali, era na verdade, a deusa Parvati, descrita como doce, benigna e cuidadosa, mas quando Shiva (seu esposo) foi morte durante o combate com um demônio, ela se transformou em Kali-ma para vinga-lo;
A Imagem abaixo mostra imagem da deusa Mata Parvati, a manifestação benigna da deusa, uma mãe cuidadosa, amorosa e benigna:
Já essa abaixo é a mesma deusa, porém na manifestação de Kali-ma, sob o corpo do marido Shiva morto. Ela segura nas mãos, e em volta da cintura, as cabeças dos assassinos. A língua para fora, conta a lenda que era por que ela bebia o sangue do corpo, após cortar a cabeça do inimigo.
Outra representação da imagem de Kali-ma, muitas vezes retratada com um Leão próximo a ela, indicando a força, ou a violência de sua vingança:
O aspecto devorador da deusa torna-se aparente toda a vez que a mulher negligencia o seu verdadeiro reino, que é o relacionamento, e se torna faminta por poder, vingança ou ódio.
Ás vezes, a transição da primeira para a segunda é tão gradual que só pode ser observada retrospectivamente, de modo que a mulher que cai vítima do próprio anseio de poder talvez se afaste do seu eu mais profundo sem compreender o que aconteceu.
Sacred And Profane Love, oil on linen, 72 x 46 inches, 2013
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arquétipo feminino Imperatriz mulher Reflexão Sacerdotisa
Fontes e Referências
- She — A Chave do Entendimento da Psicologia Feminina (Johnson,Robert A.);
- JUNG — Psicologia e Alquimia;
- Marie Louise Von Franz — Alquimia: Introdução ao Simbolismo.
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Obrigado Ingrid Pereira pela revisão do texto.
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