Em qualquer texto sobre esoterismo, seja sobre astrologia, Tarô, ou qualquer outro assunto do gênero, é fácil encontrar referências a um dos quatros elementos: ar, terra, fogo e água. Mas quais as conexões históricas nos trouxeram tal simbolismo?
A primeira coisa que me tinha vindo a mente quando me perguntei sobre isso, foi sobre os antigos alquimistas. Fazendo algumas pesquisas, descobri que essa correspondência é um pouco mais antiga:
Embora o alquimista Etteilla tenha sido o primeiro a explicitamente fazer a conexão entre os quatro naipes do tarô e os elementos alquímicos, havia alusões a tal conexão em comentários mais antigos. Essa associação começou logo depois de as cartas serem introduzidas na Europa. A primeira pista é a divisão masculina e feminina dos naipes, que também faz parte da teoria dos quatro elementos desde o começo;
Na tradição filosófica ocidental, a teoria dos quatros elementos é atribuída ao filósofo pitagórico Empédocles, do século V. Ainda que pelos padrões modernos nós o consideremos um físico, ele se considerava um mago e escreveu suas teorias em formato poético. Não temos nenhuma das obras completas de Empédocles, apenas um fragmento poético no qual ele escrevia sobre os elementos. Peter Kingsley, em seu livro Ancient Philosophy, Mystery and Magic: Empédocles and the Pythagorean Tradition (“Antiga filosofia, mistério e magia: Empédocles e a tradição pitagórica”), fornece a seguinte tradução:
Ouça primeiro as quatro raízes de todas as coisas: Ofuscante Zeus, fértil Hera, Aidoneus e Nestis, que umedece as fontes dos mortais com suas lágrimas.
Kingsley nos conta que “raízes” é a palavra que Empédocles usa para os elementos e que ele esta claramente fazendo uma correlação entre os elementos e os quatro deuses, Zeus, o rei dos céus, representa o Ar; Hera, sua esposa e deusa da Terra, representa o elemento Terra; Aidoneus é um nome alternativo para Hades, o deus do submundo, cujo elemento é o Fogo; e Nestis é um nome siciliano para Perséfone, a donzela que Hades abduziu e forçou a se casar com ele, por isso as lágrimas e o elemento Água.
Esse exemplo ensina duas coisas. Primeiro, que as correlações entre os elementos e outros sistemas quádruplos eram praticados desde o principio dessa teoria e são parte natural das teorias ocidentais sobre os elementos. Empédocles vê os elementos como dois pares de casais, igualmente divididos entre os sexos. Essa divisão de macho e fêmea, com Ar e Fogo sendo masculinos e Terra e Água sendo femininos, foi mantida em toda a literatura alquímica até o presente. Estamos vendo que os naipes do tarô tiveram uma divisão similar desde o começo e que a melhor correção entre os naipes e os elementos deveria honrar esse equilíbrio sexual. Também encontramos dois casais simbolizando a divisão do mundo em quatro, representada nos Arcanos dois ao trunfo cinco, da Papisa até o Papa.
Abaixo temos o casal Imperatriz e Imperador do Tarô de Marselha: