Eu precisei de algum tempo para encontrar o melhor título para esse texto, já que não queria dizer que existe um problema na Astrologia ou na Psicologia, mas sim na forma, ou melhor, fraqueza que a maioria das pessoas têm quando resolvem analisar os próprios mapas astrais ou estudarem por conta própria a posição dos astros nas casas astrológicas e assuntos relacionados.
Por exemplo, quantas vezes não ouvi pessoas dizerem ou escreverem em grupos de Whatsapp por ai coisas do tipo: “a casa 11 é relacionada a amizades e amigos, grupos sociais que convivemos… e como tenho Marte aqui, por isso que não me dou bem com eles”, ou então “eu brigo muito com meus amigos porque tenho Saturno na casa 11”.
Realmente, a casa 11, se fôssemos dar um título para ela, seria a casa das amizades e amigos, entretanto, isso não é tudo o que ela é. Por que se assim fosse, o nosso nome poderia resumir tudo aquilo que somos? É claro que não, e como estamos usando a casa 11 como exemplo, vamos ver a real interpretação do significado que essa casa astrológica tem:
Muitos livros sobre astrologia se detêm no significado “exterior” de cada casa e negligenciam seu princípio básico mais sutil e fundamental. A menos que o âmago do significado de uma casa seja alcançado, a verdadeira essência dessa casa fica perdida. Por exemplo, a 11ª Casa é normalmente conhecida como a “casa dos amigos, de grupos, das esperanças e dos desejos”. À primeira vista, isso pode parecer estranho — o que amigos e grupos têm a ver com esperanças e desejos? Por que essas coisas todas estão englobadas debaixo de uma mesma casa?
No entanto, quando o princípio mais profundo e básico da casa é explicado, a conexão torna-se clara. O centro da 11ª Casa é “a pressão para nos tornarmos maiores do que já somos”. Fazemos isso ligando-nos a algo maior que o nosso eu separado — alinhando-nos com amigos e círculos sociais, reunindo grupos, nos identificando com as causas que nos tirem de dentro de nós e nos englobem num esquema mais amplo de coisas. Mas o desejo de sermos maiores do que já somos também tem de ser acompanhado pela capacidade de considerar novas e diferentes possibilidades. Em outras palavras, esperar e desejar algo nos transporta para além das imagens e dos modelos existentes de nós mesmos. Antes de termos um sonho realizado, precisamos ter um sonho. Entendida dentro do contexto do desejo que temos de ampliar nossa esfera de experiência já existente, a classificação da 11ª Casa como sendo a dos “amigos, grupos, das esperanças e desejos” começa a ter sentido no relacionamento entre eles.
Percebam que o real significado de uma casa astrológica deveria servir para ajudar o indivíduo a enxergar e evoluir nas suas potências de ações, independentes do ambiente externo, ou seja, uma transformação interna. Mas, em nossos tempos, ocorre o contrário, onde as casas astrológicas estão sendo interpretadas como uma “justificativa” para vícios e mal comportamentos das pessoas. Como isso acontece?
A resposta está em alguns vieses psicológicos que, juntos, formam uma potente receita para a ignorância: