Essas duas cartas (a Sacerdotisa e a Imperatriz) juntas, representam todo o espectro do arquétipo ou símbolo do feminino. Se a Sacerdotisa, como o próprio nome sugere, é um aspecto sobre os mistérios femininos interiores, na Imperatriz é onde veremos os mistérios exteriores. E quando eu digo exteriores não quero só dizer “exterior” no literal, como o corpo, mas em um sentido humano, assim como os cinco sentidos exteriores: o olhar, o toque, o cheiro, o ouvir e o paladar, assim como a psique humana, seja a mente da mulher, seja o aspecto da anima na psique masculina.
Atriz, líder, comunitária, patrona das artes ou dos artistas — esposa, mãe, amante ou psicóloga, ela incita outros à ação e à auto compreensão. A chave do seu poder é a ativa inspiração e o amor
Se olharmos para a mitologia, para os contos de fadas ou para uma analogia simbólica, conseguimos distinguir o aspecto feminino da Sacerdotisa e da Imperatriz imaginando a Sacerdotisa como a mulher sagrada, virgem, pura, intocável, a mulher santa, sagrada que nenhum homem deve ou pode tocar. Já a Imperatriz é a mulher amada, desejada no sentido carnal, a mulher que tem beleza física, sensual, a enamorada, a esposa amada, a mãe, a filha, a irmã, a mulher que os homens querem casar-se, a mulher grávida, a mulher que deve ser resgatada. Não podemos é claro, fazer um olhar “cristianizado” imaginando que apenas por ser uma mulher desejada, podemos então considerá-la como algo do “pecado” ou impuro. Mesmo assim alguns ainda irão dizer que Maria (a virgem, mãe de Jesus Cristo) seria a Sacerdotisa, enquanto Eva a mulher de Adão, e a que primeiro caiu em tentação como a Imperatriz.
Quando tive meu primeiro contato com o Tarô, e em muitos lugares na internet até hoje, é comum encontrar referências sobre a Imperatriz apenas com uma mensagem ou interpretação de “fertilidade” indicando crescimento, plantar ou nutrir algo, uma confirmação de gravidez ou algo que a pessoa terá que cuidar e aperfeiçoar, criar com o tempo. Essa interpretação não é de toda errada, mas sem dúvida incompleta, seria como dizer que alguém por ser brasileiro se resume a feijoada, samba e futebol, que por mais que seja cultural não faz parte do contexto da maioria dos brasileiros (ou pelo menos da preferência).
A Imperatriz em uma primeira camada, eu vejo como um poder sobre o reino das sensações, logo, o toque, o cheiro, o olhar, o som, qual a sensação que algo tem, qual o comportamento que algo tem? Se não me agrada de alguma forma, como eu corrijo ou mudo isso? Se eu quero que fique mais agradável, como eu atuo sobre isso? Coisas desse tipo. Quando dizemos que um aspecto de cuidado ou nutrição existe, não é apenas o meio por si só, é sim o fim, quando uma mãe educa um filho ela não o faz pela simples razão do meio, e sim porque deseja que esse filho cresça bem forte e capaz.
A imagem da sensualidade ou fertilidade é natural, já que algo que tem boa aparência, boa fragrância, etc. vestida em uma imagem feminina acaba trazendo essa imagem à tona, mas não com o objetivo de construir algo “erótico”, mas, sim na beleza sobre a harmonia e do equilíbrio, não atoa, esse arcano é o número 3, um número extremamente ligado entre a unidade do corpo e espírito (o 1 e o 2).