Introdução
Sem dúvidas a carta do Carro é a que eu tenho maior conexão, não por ser a minha carta favorita, mas pela relação pessoal que tenho com o significado que ela representa. A grande mensagem do Arcano do Carro é o ter o meio para se chegar aonde deseja, o movimento, ir em direção de algo que decidimos e ter as condições (físicas, mentais, espirituais) para tal, as próprias circunstâncias se inclinam para isso.
Em todas minhas meditações com arcanos do tarô, é com o personagem do carro que melhor consigo conversar e ter uma “cena” que se conecta com as imagens e percepções da minha realidade: imaginar o movimento do carro, indo de um lugar para o outro, não como um passeio já que o carro do Arcanos número 7 é um carro militar (não atoa, o título em francês e inglês é Charriot, ”a carruagem”), tem propósito, estamos indo em uma missão, algo que precisa ser realizado.
Age como auriga, força diretiva, localizado no centro íntimo do veículo psíquico. Psicologicamente isso poderia significar tais elementos, antigamente projetados em figuras de proa (imperador ou papa), foram reunidos e interiorizados como princípio diretivo que opera no interior da própria psique. À diferença das figuras masculinas de autoridade encontradas até agora, esse rei é jovem, o que indica que trás consigo nova energia e novas ideias.
O trono em que o Papa está sentado é fixo. O carro do rei lhe permite maior latitude e flexibilidade. A sua força motriz é fornecida pelos dois cavalos, que formam uma parelha de aspecto insólito, pois um é tão violentamente vermelho quando o outro é insistentemente azul (isso para o Tarô de Marselha, ou os cavalos-esfinges brancos e pretos do baralho Rider Waite). Não há dúvida de que cada um dos animais se imagina como “o cavalo de outra cor”, que expulsa os vestígios de monotonia, acrescentando sabor e espírito à nossa vida. Esses cavalos simbolizam os pólos positivo e negativo da energia animal que existe em toda natureza, sendo o aspecto físico pintado de vermelho e o espiritual, de azul.
Na carta número seis, duas mulheres adversárias confrontam a consciência humana e a mantêm imóvel, impedindo o progresso do ego até que se resolvam os seus dilemas, mas agora os fatores antagônicos são retratados como uma parelha de cavalos que puxam o carro. Mesmo que não em uma parelha perfeita, estão ao menos avançando.