Um ferreiro acelera as transformações da consciência aplicando o calor do envolvimento emocional. Antigamente, os ferreiros eram considerados mágicos, cujos poderes se reputavam divinos, como evidencia o fato de que um deles era o deus olímpico Hefesto:
Hefesto (em grego Hēphaistos) é um deus da mitologia grega, cujo equivalente na mitologia romana era Vulcano. Filho de Zeus e Hera, rei e rainha dos deuses ou, de acordo com alguns relatos, apenas de Hera, era o deus da tecnologia, dos ferreiros, artesãos, escultores, metais, metalurgia, fogo e dos vulcões.
Como outros ferreiros mitológicos, porém, ao contrário dos outros deuses, Hefesto era manco, o que lhe dava uma aparência grotesca aos olhos dos antigos gregos. Servia como ferreiro dos deuses e era cultuado nos centros manufatureiros e industriais da Grécia, especialmente em Atenas.
Hefesto foi responsável por fazer boa parte dos magníficos equipamentos dos deuses e quase todo tipo de trabalho em metal dotado de poderes mágicos que aparece na mitologia grega é tido como tendo sido feito pelo deus; o elmo alado e as sandálias de Hermes, o peito de armas conhecido como égide, a célebre cinta de Afrodite, o cetro de Agamenon a armadura de Aquiles, os crótalos de bronze de Héracles, a carruagem de Hélio, o ombro de Pélops, o arco e flecha de Eros.
Hefesto também era conhecido por ser o mais decidido dos deuses.
Todos nós temos esse potencial de manifestação (criativa) do Mago em nossas vidas, na medida em que temos esse tipo de poder, somos presas da tentação demoníaca de abusar dele. Resistir à tentação requer alto grau de disciplina e autoconhecimento.
Shakespeare compreendeu o problema. Em A Tempestade, dramatiza tanto o problema quanto sua solução com o poder manifestado do Mago:
Aqui Próspero, um duque despojado do seu ducado pelas maquinações de antigos amigos, retira-se para uma ilha deserta, onde estuda as artes mágicas e planeja vingar-se dos que o traíram.
Através da sua magia, libera o espírito Ariel, aprisionado muito tempo atrás no tronco de uma árvore por uma feiticeira malvada. Mas Próspero, por seu turno, sujeita Ariel à escravidão, obrigando esse bom espirito a servir aos seus negros propósitos, que envolvem o conjuro de uma tempestade fatal capaz de provocar o naufrágio e a morte dos que o traíram.
Mais tarde, através da boa influência de Ariel, Próspero abandona voluntariamente o plano de vingança, faz amizade com os inimigos e liberta Ariel e outros que escravizara à sua magia negra.
No fim, renuncia para sempre a essa espécie de mágica, deixa a ilha onde reinara absoluto, e regressa ao continente da humanidade coletiva, onde jura viver a vida e usar os talentos criativos que possui de maneira mais humana e consciente.
Ou seja, o Mago, que inicialmente usaria seus poderes adquiridos na solidão para destruir seus inimigos, entende que seus poderes seriam melhores aproveitados se utilizados para evolução e crescimento de um número maior de pessoas, mesmo se essas forem inimigas que no passado quiseram destruí-lo.
A lenda conta que quatro grandes rabis (Akiva, Ben Zoma, Ben Azai e Aher), no século II, se dedicaram a estudos esotéricos e “entraram no paraíso”. A estória afirma que “um deles viu e morreu; o segundo viu e perdeu a razão; o terceiro viu e corrompeu-se. Só rabi Akiva entrou e saiu em paz”. Poderíamos, parodiando a lenda, dizer que a palavra mata, o símbolo enlouquece, o exemplo perverte e apenas o arquétipo realmente explica a linguagem — , pois ao comparar o real ao ideal, revela como a realidade extrapola seus modelos.