A anima é a personalidade inferior ou sombria do homem, porque como rainha é um súlfur (enxofre), isto é, igualmente um extrato ou spiritus (espírito) da terra ou da água, portanto, um espírito ctónico ( circundante a algo, em volta de, ao redor de…) … o espírito feminino do inconsciente … personificado empiricamente na figura psicológica da anima …
A anima como função de relação, ao afirmar que a alma começa a “trabalhar ou produzir” e cria uma obra que tem por finalidade romper do inconsciente para à superfície da consciência. Considerando que a anima se transforma em Eros a da consciência, mediante a integração, assim também o animus se transforma em logos. A anima faz a ponte entre a consciência e o inconsciente e Jung diz que ela está “ativada”, onde a anima que se torna visível e deve, por assim dizer, ter-se tornado consciente.
A anima também se apresenta como conteúdo autônomo e personificado do inconsciente coletivo, a que se deve ser atribuída uma certa independência, pois se assim não fosse, nunca se teria cogitado de atribuir à alma uma essência independente, como se estivesse em causa algo objetivamente perceptível. Tem de ser um conteúdo dotado de espontaneidade e, concomitantemente, de uma inconsciência parcial também como todo complexo autônomo. Para o ponto de vista da psicologia analítica, evolução histórica do conceito de alma não coincide com a totalidade das funções psíquicas. Definimos concretamente a alma por um lado, como uma relação com o inconsciente, mas por outro lado, como uma personificação dos conteúdos inconscientes.
Jung considera a anima como causadora de caprichos ilógicos, ao passo que o animus suscita lugares comuns irritantes e opiniões insensatas. Em suas reflexões Jung personifica sua anima com o nome de Salomé, quando ela, permanecendo inconsciente, se oculta no sujeito e exerce uma influência possessiva sobre ele. Insiste no caráter personificado da anima em Mysterium coniunctionis/1, dizendo ser o inconsciente o tipo de anima, o qual representa, tanto no singular como no plural, o inconsciente coletivo. Este papel de “Luna” também compete à anima, que personifica a pluralidade dos arquétipos.
A anima como órgão perceptivo do inconsciente, cria símbolos, imagens e ela própria só é imagem. Através dessas imagens transmite-se a energia. A energia determinante que atua a partir dessas profundezas é refletida pela alma, quer dizer, a do inconsciente a consciência. Assim é vaso e veículo, órgão perceptivo dos conteúdos inconscientes. O que ela percebe são símbolos.
Jung aduz que, quando a alma, a apercepção aprende, apreende o inconsciente e transfigura-se em imagens e símbolo seu, o estado que assim se origina é delicioso, um estado criador. Assim, a função perceptiva ( alma ), apreendendo os conteúdos do inconsciente, como função criadora, gera a dynamis numa forma simbólica. O que a alma gera psicologicamente falando, são imagens que o pré-condicionamento racional supõe, em geral despidas de qualquer valor.
A anima como disposição íntima, especificamente apresentado no capítulo das definições do livro “tipos psicológicos”, esclarece Jung que chama anima, Alma, à disposição íntima e que, tanto quanto mudar a persona é igualmente difícil modificar a alma, pois sua estrutura costuma estar firmemente radicada, tal como a da persona … também a alma constitui uma essência de contornos bem definidos, de um caráter por vezes imutável, sólido e independente. Por isso se adapta, muitas vezes, de modo perfeito, à caracterização e à descrição.
A Anima como arquétipo do contra sexual inconsciente do homem é como a Alma de um tirano cruel é ao mesmo tempo, sugestionável a pressentimentos, caprichos que o subjugam, tornando-o completamente em sua disposição externa, em sua persona. Se a persona for intelectual, a Alma será certamente sentimental. O caráter complementar da Alma evidencia-se também no caráter sexual, como se comprova inúmeras vezes, de maneira indiscutível. Uma mulher muito feminina terá sua alma masculina, e um homem muito viril, uma alma feminina. Quanto mais viril for a sua disposição externa, tanto mais terão sido eliminados os traços femininos. Por isso, estes aparecem na Alma, mas na Alma os termos invertem-se, sentindo o homem de fora para dentro, e a mulher, refletindo.
Cada homem sempre carregou dentro de si a imagem da mulher, não é a imagem desta determinada mulher, mas a imagem de uma determinada mulher. Jung descreve a imagem como um arquétipo de todas as aparências que a série dos antepassados teve com o ser feminino, como um precipitado que se formou de todas as impressões causadas pela mulher, um sistema de adaptação produzido pela hereditariedade, Insiste no caráter projetivo da anima e na questão de que a mulher não tem alma, mas animus (inconsciente ou id).
A anima é de índole erótica e emocional alertando para o fato de que costuma ser errado tudo o que os homens afirmam a respeito da erótica feminina. As ações que brotam do inconsciente à consciência têm um caráter sexual oposto, por exemplo: a alma (anima, psique) tem um caráter feminino que compensa a consciência masculina.
A figura feminina no inconsciente do homem, daí derivando seu nome feminino: anima, psique, alma (identificando os três termos). Aliás, a identificação entre os termos alma e psique, pode definir a anima como imago ou arquétipo, ou ainda como o depósito de todas as experiências que o homem já teve da mulher (inconsciente, anima, id).