Alguns anos depois, eu e meus pais mudamos para outra igreja chamada Avivamento da Fé, que possuía uma doutrina mais rígida em relação a IEQ e com o costume de nos cultos terem momentos de profecias, revelações etc., onde o “próprio Deus” entregava mensagens e visões para os membros. Nessa época eu era músico, líder do grupo de louvor e dentro da igreja o local onde os músicos ficavam era considerado um lugar sagrado e que apenas músicos poderiam subir para tocar as músicas que eram ministradas a cada reunião.
Em um determinado culto, durante a ministração uma das pessoas que tinham as “revelações” divinas, veio a mim e disse que me via ali tocando o louvor, como se eu estivesse com uma roupa muito branca que chegava a brilhar, mas que na entrada do altar, haviam vários cães tentando me puxar para sair dali e me levar embora ou rasgar a minha roupa branca. Na época imaginei que a roupa branca seria minha santidade, e que os cães seriam demônios tentando me levar para o pecado e me tirar da igreja, ou melhor, dos “planos do Senhor”.
Muitos anos depois, depois de sair da igreja e nem ser mais cristão, revisitando essa experiência, associo ela muito mais a uma mensagem sobre a necessidade de eu ir de encontro ao meu verdadeiro eu, de quem eu era. Talvez um cristão lendo esse texto pense “mas você saiu da igreja, logo os cães conseguiram o que queriam”, mas o que não contei ainda nesse texto, é que nessa mesma época da visão, era hipocrisia eu me imaginar como uma pessoa com a “santidade” dos padrões cristãos, ora, eu tinha relações sexuais com minhas namoradas, me masturbava com pornografia, além de diversos outros comportamento que debaixo da ótica cristã eram totalmente pecaminosos, a imagem de “santo” era apenas a transmitida para a igreja, fora dela, na intimidade eu era uma pessoa completamente diferente, um verdadeiro cão.
Nos últimos 6 a 7 anos em que estudo e medito sobre o ocultismo, me deparei com um tema interessante ligado ao xamanismo que é o animal de poder com o qual nos identificamos:
Nossa imaginação costuma assumir as formas que conhecemos do mundo exterior. Eu poderia dizer “pense no mar”, e o que você pensar terá uma forma, seja ela visual, sonora, táctil, ou seja lá como for.
Jan Fries, escreveu no livro Mágicka Visual, o seguinte:
É bastante comum termos que imaginar energias, emoções, entidades, portais astrais, sinais de poder ou qualquer outra coisa, só para começar a trabalhar a visão e a mágica, e essa conquista não é pequena. De acordo com nossa disposição individual, nós nos damos bem com alguns destes temas imaginados, e temos problemas com outros.
Como a esta altura você já deve saber, nós somos mais ou menos especializados em pensar certas coisas com formas sensoriais específicas, de forma que um pintor imaginará informação visual com facilidade, enquanto um músico pode achar isso difícil.
Ao me imaginar como meu animal de poder, não foi como um leão, uma águia (respostas típicas das dinâmicas de RH), e sim como um cachorro selvagem.
Toda essas vivências que tive na minha infância e adolescência, me preparam para o grande encontro da minha vida, que foi conhecer o tarô. Todas esses momentos eu enxergo hoje como avisos do que estaria por vir, e como esses avisos eram claros, mas só agora pude compreender melhor.
E isso que eu acredito que o Tarô faz: ele nos trás a luz esses avisos que estão ao nosso redor, nos indicando coisas que irão se manifestar no futuro seja a curto, médio ou longo prazo. Não é uma determinação de destino, afinal, eu poderia ter sido covarde e nunca ter saído da igreja, já que todo o meu circulo social de amigos e amores estavam lá. Mas tomei essa decisão e me inclinei ao caminho que eu desejava, e quando o Arauto, o Tarô anuncia as coisas que estão por vir, podemos escolher nos inclinar ou não naquela direção.
Tomar essa decisão, não é a escolha certa ou errada, afinal, não terei aqui a arrogância cristã de afirmar qual é o caminho que você deve seguir, mas se você tiver a coragem de viver conforme os seus desejos e vontades (vontades reais e não aquela que disseram que você deva ter), irá alcançar e viver momentos alegres e de êxtase.
Eu acho muito “romântico” acreditar que toda essa experiência que eu tenho vivido nos últimos 5 anos é reflexo de vidas passadas, mas o que eu acredito mesmo, é que todo o caminho que trilhei nos meus 30 anos de idade, me trouxeram até aqui.
E você como conheceu o tarô e o ocultismo?
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Se você tiver qualquer dúvida pode me enviar um e-mail para diogenesjunior.ti@gmail.com.
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Obrigado Ingrid Pereira pela revisão do texto.